0

SIA arquitectura

Casa na Rua Sara Beirão . Oeiras

SIA arquitectura . photos: © Francisco Nogueira

A private, protected space rises above the neighboring buildings, selecting the views, adapting the program. A terrace swaying in the void, in a dream of a hanging garden, where the water comes in and brings the sea closer. The interior-exterior living room is protected and unlimited. Each room is a secret place, a green window. The cover between the sky and the sea.

The Project of a house in Oeiras, on a hillside overlooking the Tagus River estuary, in a territory with no memory, places us in a location where everything is new, yet anonymous. In an urban fabric where identity remains elusive.
For this non-place, we designed not from delicateness, but from the intensification of gesture, from an idea with enough expression to establish a new time.
This initial gesture was swift, an incision. A founding act in an uncharted territory, so that the street, the river-sea, come into existence.

We sought the weight of the magnetic field of design to make it an identity. The house took shape and was built.
The proximity to the street and the view of the sea from the highest level led us to invert the program, placing the social spaces on the upper floor. A large and heavy floating platform protects the privacy, preventing passersby from looking in, and concealing this communal space. The elevated, protected, and boundless living room seamlessly merges the indoor and outdoor spaces. A terrace suspended in emptiness, a cover between the sky and the sea.
We designed the house where the weight detaches from the ground with the almost insolent resistance of will. With massive, suspended, protective volumes.
To find the right proportion of the concrete volumes, we turned to what we already knew, and measured the consoles of the Gulbenkian Foundation. A tribute to the places that are common to us and that have shaped us as architects.
In this suspension, the house and the garden rise, the street recedes, and the river approaches the materialized border in a water plane. The horizontal concrete wall breaks the view of the street and connects to the view of the water and the sky.

A void in the concrete platform allows the garden to pass through while protecting the privacy of the house. Soon, the garden and the house will merge in a continuous, uninterrupted space.
We extended the view and its projection onto the infinite horizon perpetually evoked by the sea, aiming for the project to amplify the place. A comprehensive and clean look, starting anew, reestablishing, as if we had never seen this territory before, as if we could unlearn what exists and design the new.
We would like the house to implant itself and become an origin. Like an artificial reef, with conditions for life to slowly grow and thrive.
In a celebration of life, of people, of the heritage of Architecture, to make us all more capable. More capable of going on.

_

nome do projecto name of the project: Casa na Rua Sara Beirão
localização location: Alto de Santa Catarina | Oeiras
data do projecto date of project: 2018 – 2019
data de construção date of construction: 2020 – 2022
arquitectura architecture: SIA arquitectura
coordenação coordinator: Ana Cravinho | Inês Cordovil | Sofia Pinto Basto
colaboradores collaborators: André Gonçalves | Catarina Brandão | Sofia Rodrigues
engenharia engineering: GWIC
paisagísmo landscape architecture: F|C Arquitectura Paisagista
construção construction: Campelo& Campelo Lda
área bruta building area: 462,00 m2 + 420,00 m2 (cave | basement)
área do terreno site área: 1025m2
fotografia photography: Francisco Nogueira

Um espaço privado, protegido, que se eleva sobre as construções vizinhas, seleccionando a vista, adaptando o programa. Um terraço balançado no vazio, em sonho de jardim suspenso, onde a água entra para trazer o mar mais perto. A sala interior- exterior, protegida e ilimitada. Cada quarto um lugar secreto, uma janela verde. A cobertura entre o céu e o mar.

O Projecto de uma casa em Oeiras, numa encosta com vista para a foz do Tejo, num território sem memória, situa-nos num lugar onde tudo é novo e, no entanto, tudo é anónimo. Numa malha urbana onde nada fixa a identidade.
Para este não-lugar desenhámos, não a partir da delicadeza, mas a partir da intensificação do gesto, de uma ideia com expressão suficiente para fundar um novo tempo.
Este primeiro gesto foi rápido, uma incisão. Num território por desenhar, um acção fundadora, para que a rua, o rio-mar, comecem a existir.
Procurámos o peso do campo magnético do desenho para que este se torne uma identidade. A casa foi ganhando forma e construiu-se.
A proximidade da rua e a situação de vista de mar na cota mais alta levou-nos a inverter o programa, colocando as salas no piso superior. Uma grande plataforma flutuante e pesada protege a privacidade, impedindo a visão de quem passa e ocultando o espaço comum.
A sala, elevada, protegida e ilimitada, num contínuo entre o interior e exterior. Um terraço balançado no vazio, suspenso, uma cobertura entre o céu e o mar.
Desenhámos a casa onde o peso descola da terra com a resistência quase insolente da vontade. Com volumes maciços, suspensos, protetores.
Para encontrar a proporção certa dos volumes de betão, recorremos ao que já conhecíamos, e medimos as consolas da Fundação Gulbenkian. Um tributo aos lugares que nos são comuns e que nos formaram como arquitectos.
Nesta suspensão a casa e o jardim elevam-se, a rua afasta-se, e o rio aproxima-se da fronteira materializada num plano de água. O muro de betão horizontal interrompe a visão da rua e liga-se à vista da água e do céu.

Na plataforma de betão abre-se um vazio para deixar passar o jardim, enquanto protege a privacidade da casa. Num futuro próximo o jardim e a casa serão um contínuo sem interrupção.
Prolongámos a vista e a sua projecção no horizonte infinito que o mar sempre recorda no quotidiano dos dias, tentando que o projecto fosse um amplificador do lugar. Um olhar inteiro e limpo, recomeçando, refundando, como se nunca tivéssemos visto este território, como se pudéssemos desaprender o que existe e desenhar o novo.
Gostávamos que a casa se implantasse e se tornasse, ela mesmo, uma origem. Como num recife artificial, com condições para que a vida, aos poucos, cresça e prospere.
Numa celebração, da vida, das pessoas, da herança da Arquitectura, para nos tornar, a todos, mais capazes. Mais capazes de continuar.